sexta-feira, 1 de março de 2013

Fórum 13 (obrigatório)

Este será um fórum diferente.
Terá como principais critérios de avaliação a vossa capacidade de investigação/seleção de informação e a sua adequação ao solicitado.
Será o último do período e "estará aberto" até às 19h30, do dia 12 de março.

Vão centrar-se na figura de Eça de Queirós - autor realista - e apresentar, resumidamente, as características da sua escrita que o tornam um escritor de referência na escola realista/naturalista. Destacarão as inovações queirosianas ao nível do processo narrativo e estilístico, referindo exemplos que poderão retirar do conjunto da obra, e não apenas do romance Os Maias.

Não se esqueçam de referir as vossas fontes.




42 comentários:

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  2. Tematicamente, a caraterística realista-naturalista mais saliente na obra queirosiana é a análise e crítica social: Eça apresenta a crítica através de personagens-tipo que representam os defeitos da burguesia, os desníveis sociais, a corrupção (jornalística, por exemplo, representada por Palma e Neves), os vícios como o jogo ou o álcool, o adultério (condessa de Gouvarinho) e/ou a educação essencialmente romântica que prostra a sociedade (Eusebiozinho e Pedro da Maia).
    O autor dá especial ênfase à utilização da ironia, de estrangeirismos (por ser caraterística da linguagem burguesa do século XIX), da aliteração – "passos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete" – e da hipálage – "As tias faziam meias sonolentas" – e sinestesia – “o alto repuxo cantava”, bem ao gosto do impressionismo. O uso do diminutivo ao serviço do humor e o uso expressivo do advérbio e do adjetivo – "Uma gente feíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!..." – são também caraterísticas da obra queirosiana.
    Em “Os Maias”, Eça aborda a literatura, principalmente, na discussão no Hotel Central, na qual Ega assume uma posição defensora do Realismo/Naturalismo e Alencar, opostamente, mostra-se a favor Ultrarromantismo.

    " O Romantismo é a apoteose do sentimento; o Realismo é a análise com o fito na verdade (…). É a crítica do homem (…), para nos conhecermos (…) para condenar o que houver de mau na nossa sociedade". Eça de Queirós em “A Literatura Nova: o realismo como nova expressão da Arte” (Conferência do Casino).

    *Os exemplos têm como referência a obra “Os Maias”

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  3. O realismo/naturalismo foi a estética literária da segunda metade do século XIX, considerado como um movimento de reação aos ideais românticos no qual Eça de Queirós foi um dos autores que conseguiu trabalhar a temática realista.
    Para Eça de Queirós o Realismo era uma nítida oposição ao Romantismo tal como ele sugere na seguinte expressão:“O Realismo é uma reação contra o Romantismo - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade”.Esta expressao de Eça de Queirós vem confirmar que a caracteristica mais visivel, que o remete para um escritor de referencia naturalista/realista, é a analise e critica social.
    Várias são as faculdades do autor no campo da expressividade e na recursividade da escrita,dada a utilização de adjetivação dupla " os seus dois olhos redondos e agoirentos.",neologismos "“gouvarinhar”, recursos estilisticos como a ironia "-É possível- respondeu o inteligente Silveira.", sinestesia "…e, muito alto no ar, passava o claro repique de um sino.".

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  4. Eça de Queirós usa o realismo/ naturalismo para criticar a sociedade, esta característica teve início no século XIX. O autor estudou direito na universidade de Coimbra e fez parte da “Geração de 70”- apoiavam a ideologia realismo/ naturalismo que teve como principal objetivo contraria o romantismo, Eça de Queirós refere o realismo e o naturalismo porque não tem a perceção, nem os consegue distinguir. Citações que provam isto (*retiradas da internet):
    É que Eça de Queirós definiu o realismo como "uma base filosófica para todas as conceções de espírito”, e afirma também que é “ uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano, na eterna região do belo, do bom e do justo, (...) ”. Esta filosofia- o realismo, é usada pelo autor com o objetivo de criticar o Homem, sendo contra o que está mal na sociedade – (…) “é a crítica do Homem, (...) para condenar o que houver de mau na nossa sociedade. (...) É não simplesmente o expor (o real) minudente, trivial, fotográfico, (...) mas sim partir dele para a análise do Homem e sociedade."- Este autor é apologista de analisar a sociedade como ela é na realidade usando o realismo/naturalismo está nitidamente a contrariar o ultrarromantismo. Em “Os Maias” no Episódio – Hotel Central- existe uma discussão em que o Alencar está a favor do ultrarromantismo criticando um escritor realista e o Ega defende o escritor- este é um dos episódios onde se nota bem as oposições. Para estas oposições o autor utiliza a ironia-*“ O dever da mulher era primeiro ser bela, e depois ser estúpida”, diminutivos, adjetivações duplas e paralelismo.

    *Exemplos são da obra “Os Maias” .

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    1. No primeiro parágrafo substitui "esta característica teve início no século XIX" por "esta corrente estética vigorou no século XIX"
      Atenção! Não basta referir que as citações são "retiradas da internet" é necessário identificar as fontes.

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  5. Eça é o exemplo do exímio autor da corrente realista em Portugal. Investiu numa utilização extremamente inovadora e expressiva da linguagem, o que veio enriquecer, em proporções inquantificáveis, a literatura nacional. Tal partiu do seu esforço em tornar a língua um instrumento maleável e exacto, capaz de ser usado eficientemente numa crítica aos males da Nação.
    - O adjectivo, na sua obra, tende a mostrar-se numa forma irónica do autor insinuar a sua posição relativamente a algo, ’’mas é muito esperto (…) respondeu secamente a inteligente Silveira’’. Também inova nas transposições de acções p.e. ‘’o carro lento passou’’, não se perdendo a riqueza analítica da frase.
    Coloca tanto adjectivação simples, como dupla (onde uma forma adjectival aponta para a realidade emocional), tripla e, por vezes, com quatro adjectivos.
    - O advérbio, por sua vez, é utilizado como forma de superlativar, até antes desconhecida, manejada apenas pelos verdadeiros simbolistas, ‘’cabelos magnificamente longos’’.
    - Vai alterando entre o discurso indirecto livre (mais adequado para contar os feitos das personagens, pelas suas palavras): preferência realista e o discurso direto e indireto.
    - Usa o imperfeito descritivo (tempo predilecto dos realistas) para retardar a acção, combinado com o perfeito narrativo e o presente histórico.
    - O diminutivo serve para ironia e caricatura de uma sociedade perdida(p.e. o nome da personagem Eusebiozinho).
    - O verbo tem utilização também inovadora e expressiva, sendo o gerúndio (como meio de retardar a acção) e imperfeito os mais usados na técnica impressionista, que se concretiza por uma incidência das qualidades visuais a nível da luz e da cor, nos ambientes.
    - Tanto os neologismos como os estrangeirismos são para ionizar a sociedade, enquanto que os primeiro tem uma veia mais cómica (p.e. ‘’gouvarinhar’’) e nos segundos esta é mais satírica (p.e. ‘’ao fundo da sua adress’’).
    - As hipálages: visão do fugaz, p.e. ‘’passou os dedos lentos pela testa’’, as sinestias, as aliterações, metáforas, ironias contribuem para a análise reflexiva, ajudadas pela caricatura usada na concepção das personagens tipo (fundamentais) e o contraste entre as personagens (o ideal: Carlos e o comum: Eusebiozinho).

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    1. Os seguintes materiais serviram de auxílio para a realização do meu comentário:
      - Apontamentos da língua portuguesa (2012) Os recursos estilísticos. Acedido a 10 de março em http://jbo.no.sapo.pt/eca/estilo/eca_de_queiros_recursos.htm
      - Queirós, Eça de (2006) Os Maias, Lisboa: Edição ''Livros do Brasil''

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  7. Eça de Queirós representa o marco do Realismo-naturalismo português, que tinha como um dos principais objetivos libertar o povo da mentalidade romântico-cristã, apresentando novas ideias filosóficas e científicas, das quais se destacam o determinismo e o darwinismo no Realismo, e a preferência por temas patológicos, o objetivismo cientifico e a impessoalidade no Naturalismo. Na obra queirosiana a característica realista-naturalista mais evidente é a análise e a crítica social, a qual Eça de Queiroz apresenta recorrendo a personagens-tipo, representantes da vida burguesa, da vida urbana, da análise das relações e dos conflitos sociais resultantes dos desníveis entre as classes sociais, da corrupção e do vício, o alcoolismo, o jogo, o adultério, e a própria doença.
    Nas suas obras, Eça de Queirós reflete a sua maneira de pensar exprimindo facilmente o seu modo de ver o mundo e a vida. Para o enriquecimento das suas obras recorre a diversos recursos estilísticos, sendo exemplos destes:
    -A hipálage, que atribui uma qualidade de um nome a outo que lhe está relacionado, estando esta presente no seguinte exemplo: "Fumando um pensativo cigarro." Pois o cigarro não é pensativo, o que temos é a impressão imediata do escritor ao observar o fumador a pensar;
    -A sinestesia, que ao apelar aos sentidos para nos descrever um determinado ambiente, transporta-nos para este, não só nos descrevendo com realismo o cenário envolvente mas também para nos tornar testemunhas desse mesmo cenário. Ex: “o alto repuxo cantava (audição e visão) ”.
    - A adjetivação, dupla ou tripla.
    -a ironia, que expressando o contrário da realidade, utiliza-se não só para satirizar os vícios e males da sociedade portuguesa, mas sobretudo para expor os contrastes e paradoxos que a caracterizavam. Ex: “Tudo isto está arranjado com decência - murmurou Craft."
    -a aliteração, que através da repetição de sons, pretende exprimir sensações ou os sons da realidade envolvente. Ex: "passos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete".

    "Referência da obra os Maias"

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  9. O escritor Eça de Queirós utiliza o realismo e o naturalismo para criticar os vícios da sociedade portuguesa do séc. XIX, através de uma descrição pormenorizada, do uso das frases curtas e objectivas, e das personagens tipo. De modo a tornar a sua escrita mais expressiva, Eça apoia-se no uso expressivo dos verbos, adjectivos e advérbios, que transmitem ao leitor uma sensação de visualização. Os advérbios de modo, devido à sua sonoridade foram também alvo de um trabalho cuidadoso do autor, de forma a incidirem sobre o sujeito e serem capazes de incentivar a sua criatividade e imaginação.
    A pontuação, na prosa queirosiana é posta ao serviço do ritmo da frase para, marcar pausas respiratórias, para revelar hesitações ou destacar elevações de vozes.
    A prosa queirosiana é enriquecida com vários recursos estilísticos. Aqueles que se destacam melhor, representam o estilo de Eça são: a hipálage (”O arco de oiro dos seus óculos lunocráticos”), a sinestesia (“vinha por vezes um vago cheiro de violetas, misturado ao perfume adocicado das flores do campo”), a adjectivação (“alegremente e lindamente), a ironia (“perninhas moles”), a aliteração (“passos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete”), entre outros.

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  10. O realismo é a oposição ao idealismo que responde á questão da natureza.Os integrantes do realismo repudiaram a artificialidade do Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado. O realismo para Eça de Queiroz era a oposição ao romantismo:“O Realismo é uma reacção contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento: - o Realismo é a anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade”.Eça de Queirós definiu o Realismo como "uma base filosófica para todas as concepções de espírito - a crítica do Homem,(...)para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.São várias as faculdades de Eça no campo da expressividade e na recursividade da escrita.Eça soube explorar, a partir de um vocabulário simples, a força evocativa das palavras com o uso de sentidos conotativos e relações combinatórias. Através de processos como: o ritmo da narração, a descrição, o diálogo, monólogos interiores e comentários, Eça conseguiu imprimir nas suas palavras um verdadeiro encanto.Na escrita de Eça estão presentes vários recursos estilísticos. Sendo alguns deles:
    - a hipálage que, ao atribuir uma qualidade de um nome a outro que lhe está relacionado, revela a impressão imediata do escritor perante o que está a descrever.Ex: "Fumando um pensativo cigarro.";"Um sempre um vago martelar preguiçoso"
    - a sinestesia que, ao apelar aos aos sentidos para nos descrever um determinado ambiente, transporta-nos para esse mesmo ambiente, servindo não só para nos descrever com realismo o cenário envolvente mas também para nos tornar testemunhas desse mesmo cenário.Ex: “ ... transparentes, novos dum escarlate estridente.”, “luz macia”, “o som vermelho do clarim”
    - a adjectivação
    - a ironia,que, ao expressar o contrário da realidade, serve não só para satirizar os vícios e males da sociedade portuguesa, mas sobretudo para expor os contrastes e paradoxos que a caracterizavam.Ex:“os dois amigos beberam o champanhe que Jacob arranjara ao Ega, para o Ega se regalar com Raquel”
    - a aliteração,ex:“Um rude trovão rolou, atroou a noite negra”, “e as árvores, sob as janelas, ramalhavam num vasto vento de Inverno”
    - a elipse, supressão de termos.Ex:“E esse ano passou. Gente nasceu. Gente morreu”

    Exemplos retirados da obra "Os Maias"

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  11. Toda a prosa de Eça de Queirós exprime levemente o seu modo de ver o mundo e a vida refletindo a sua forma de pensar. Eça soube explorar, a partir de um vocabulário simples, a força evocativa das palavras com o uso de sentidos conotativos e relações combinatórias. Foi através de alguns processo como o ritmo da narração, a descrição, o diálogo, monólogos interiores e comentários, que Eça conseguiu imprensar nas suas palavras um verdadeiro encanto. Eça de Queirós revela um estilo literário dualista, por um lado descreve de forma fiel a realidade observável e por outro, a fantasia e a imaginação do escritor realçam essa mesma descrição. Nas suas obras, Eça pretende criticar a sociedade portuguesa da época. Para o fazer, utilizou personagens tipo – personagens que não são individuais mas que dizem respeito uma personagem geral que retrata, por exemplo, uma classe social ou uma certa instituição.
    A prosa Queirosiana é enriquecida com vários recursos estilísticos. Aquelas que se podem destacar por melhor representam o estilo de Eça são:
    - a hipálage – figura de estilo que consiste em atribuir uma qualidade de um nome a outro que lhe está relacionado, revelando assim a impressão do escritor face ao que descreve. Ex: “fazia uma malha sonolenta”
    - a sinestesia – figura de estilo relacionada com o apelo aos sentidos que nos transporta para um conjunto de sensações por nos descrever determinado ambiente (cenário envolvente) com realismo, tornando-nos de certa forma testemunhas desse cenário. Ex: “… vinha por vezes um vago cheiro de violetas, misturado ao perfume adocicado das flores do campo (olfacto); o alto repuxo cantava (audição e visão) ”
    - a adjetivação – uso de adjetivos, muitas vezes utilizada a dupla e tripla adjetivação. Ex: “ Dâmaso era interminável, torrencial, inundante a falar das suas conquistas.”
    - a ironia – recurso estilístico que, por expressar o contrário da realidade, serve para satirizar e expor contrastes e paradoxos. Ex: “Tudo isto está arranjado com decência - murmurou Craft."
    - a aliteração – figura de estilo que utiliza a repetição de sons para exprimir sensações ou sons da realidade envolvente. Ex: "passos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete".

    “Referencia da obra Os Maias”


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  12. Nós já vimos que o realismo foi a estética literária da segunda metade do século XIX, considerando como um movimento de reação aos ideias românticos. Sua principal característica foi a preocupação com a realidade, procurando, assim, expressá-la através do objetivismo. Foi Eça de Queirós, como nenhum outro, que conseguiu trabalhar a temática realista.
    São diversos os recursos estilísticos que enriquecem a prosa queirosiana. No entanto, das diversas figuras de estilo que imprimem à prosa um estilo particularmente queirosiano, podemos destacar: a hipálage (Exemplo: "Fumando um pensativo cigarro."; a sinestesia (Exemplo: "Defronte do terraço os gerânios vermelhos estavam já abertos (visão); as verduras dos arbustos, muito tenras ainda, de uma delicadeza de renda, pareciam tremer ao menor sopro (visão), vinha por vezes um vago cheiro de violetas, misturado ao perfume adocicado das flores do campo (olfacto); o alto repuxo cantava (audição e visão) " (Os Maias); a adjetivação (dupla e tripla); a ironia (Exemplo: "À entrada para o hipódromo, abertura escalavrada num muro de quintarola, o faetonte teve de parar atrás do dog-cart do homem gordo - que não podia também avançar porque a porta estava tomada pela caleche de praça, onde um dos sujeitos de flor ao peito berrava furiosamente com um polícia. (...) Tudo isto está arranjado com decência - murmurou Craft." (Os Maias); a aliteração (Exemplos: "passos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete" (Os Maias).

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  13. Eça de Queiroz defende o realismo e a sua principal preocupação é promover a denúncia e análise crítica dos vícios da sociedade, os temas fundamentais são: o alcoolismo, como deformação social; o jogo, encaro como consequência de determinadas situações de injustiça; a adultério, como denúncia de certo modo de vida resultante duma errada educação romântica; opressão social, como resultado de conflitos de interesse; e a própria doença (por exemplo a loucura).
    Esta visão crítica a sociedade do seu tempo que resulta de uma preocupação em modificar as formas de vida, renovar mentalidades e transformar a sociedades através da literatura.
    O processo narrativo utilizado por Eça, que predomina nos Maias são dois tipos de focalização:
    Omnisciente: na introdução, em que se faz a retrospetiva da família, e, a partir daí, só esporadicamente.
    Interna: é a partir da instalação definitiva de Afonso e Carlos no Ramalhete.
    O estilo queirosiano e a sua linguagem evidenciados na obra são: o impressionismo em que a qualidade optica antepõe-se ao objeto: ”Uma alvura de saia moveu-se no escuro” em vez de “Alguém com uma saia branca se moveu no escuro”; a hipálage ”ao trote esgalgado dos seus magros cavalos brancos”; a ironia por exemplo na caracterização de Eusebiozinho: “…o morgadinho, o Eusebiozinho, uma maravilha muito falada naqueles sítios (...) sobre as letras garrafais de boa doutrina”.
    Também utiliza a sinestesia “O som vermelho do clarim”; a harmonia imitativa, aliteração: “Um rude trovão rolou, atroou a noite negra”.
    (referencias: os maias)

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    1. Revê construção de: "encaro como consequência de..."; "O processo narrativo utilizado por Eça, que predomina nos Maias são dois tipos de focalização".

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  14. Com o realismo, Eça de Queirós reflecte a sua forma de pensar e exprime facilmente o seu modo de ver o mundo e a vida. Através de processos como o ritmo da narração, a descrição, o diálogo, monólogos interiores e comentários, Eça conseguiu transmitir nas suas palavras um verdadeiro encanto.
    Para Eça, não bastava descrever pormenorizadamente aquilo que observa, mas que também era necessário manifestar o sentimento que resulta dessa mesma observação, assim soube revelar a sua visão crítica sobre a sociedade dos finais do século XIX. Queirós julgava a sociedade portuguesa em decadência, por isso utiliza a personagem tipo para criticar uma classe social.
    De modo a tornar a sua escrita mais expressiva, Eça apoia-se nos adjectivos, advérbios e os verbos de modo que transmitem ao leitor uma sensação de visualização. Faz o uso da ordem directa da frase e a pontuação, na prosa queirosiana, não pretende servir de lógica gramatical. Para evitar a utilização constante dos verbos declarativos, criou o estilo indirecto livre. Em relação à linguagem, Queirós utiliza de acordo com a sua condição social.
    Além disso também utiliza muitos recursos estilísticos, como:
    - A hipálage – figura de estilo que consiste em atribuir uma qualidade de um nome a outro que lhe está relacionado, revelando assim a impressão do escritor face ao que descreve. “Uma tímida fila de janelinhas”.
    - A sinestesia – figura de estilo relacionada com o apelo aos sentidos que nos transporta para um conjunto de sensações por nos descrever determinado ambiente (cenário envolvente) com realismo, tornando-nos de certa forma testemunhas desse cenário. "Defronte do terraço os gerânios vermelhos estavam já abertos (visão); as verduras dos arbustos, muito tenras ainda, de uma delicadeza de renda, pareciam tremer ao menor sopro (visão), vinha por vezes um vago cheiro de violetas, misturado ao perfume adocicado das flores do campo (olfacto); o alto repuxo cantava (audição e visão)"
    - A adjectivação – uso de adjectivos, muitas vezes utilizada a dupla e tripla adjectivação. “Dâmaso era interminável, torrencial, inundante a falar das suas conquistas”.
    - A ironia – recurso estilístico que, por expressar o contrário da realidade, serve para satirizar e expor contrastes e paradoxos. "À entrada para o hipódromo, abertura escalavrada num muro de quintarola, o faetonte teve de parar atrás do dog-cart do homem gordo - que não podia também avançar porque a porta estava tomada pela caleche de praça, onde um dos sujeitos de flor ao peito berrava furiosamente com um polícia. (...) Tudo isto está arranjado com decência - murmurou Craft."
    - A aliteração – figura de estilo que utiliza a repetição de sons para exprimir sensações ou sons da realidade envolvente. "Passos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete".

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  15. Comentário da Cristiana (vulgarmente conhecida por Neca ;))
    A prosa de Eça de Queirós reflete a sua forma de pensar: crente que o futuro do país (a abertura ao exterior) passaria numa consciencialização dos erros do presente, exprime sem reservas aquilo que de menos bom vê. Soube explorar, a partir de um vocabulário relativamente simples, a força evocativa das palavras com o uso de sentidos conotativos e relações combinatórias. Através de processos como: o ritmo da narração, a descrição, o diálogo, monólogos interiores e comentários, Eça conseguiu ciar verdadeiras obras de arte.
    Os recursos que se podem destacar por melhor representarem o estilo realista de Eça são:
    - uso do gerúndio;

    - uso do diminutivo;

    - uso da ironia; "À entrada para o hipódromo, abertura escalavrada num muro de quintarola, o faetonte teve de parar atrás do dog-cart do homem gordo - que não podia também avançar porque a porta estava tomada pela caleche de praça, onde um dos sujeitos de flor ao peito berrava furiosamente com um polícia. (...) Tudo isto está arranjado com decência - murmurou Craft." (Os Maias)

    - uso da dupla adjectivação;

    - uso dos estrageirismos: - anglicismo- inglês galicismo- francês

    - uso do discurso indirecto livre (quando o narrador fala ou descreve acontecimentos e nõs percebemos que aquelas palavras saíram da boca de uma das personagens);

    - uso da hipálage: "fazia uma malha sonolenta"

    - uso do advérbio de modo.

    - uso da sinestesia "Defronte do terraço os gerânios vermelhos estavam já abertos (visão); as verduras dos arbustos, muito tenras ainda, de uma delicadeza de renda, pareciam tremer ao menor sopro (visão), vinha por vezes um vago cheiro de violetas, misturado ao perfume adocicado das flores do campo (olfacto); o alto repuxo cantava (audição e visão)" (Os Maias).

    - uso da aliteração: "Então, abrasado, fui ouvindo todos os rumores íntimos de um longo, lento, lânguido banho" (A Relíquia); "passos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete" (Os Maias).

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  16. Eça de Queirós, apoiante do realismo, reflecte nas suas obras o seu modo de pensar, de ver o mundo.
    Em geral, Eça era mais analista social do que psicológico, denunciando a vacuidade das ideias comuns, o desolador contraste entre a realidade e a aspiração do ente humano. (Esta análise é feita com recurso à caricatura, à ironia e aos tipos.)
    As obras de Eça são de combate social português (ex.: “O crime do Padre Amaro”, “As farpas”, “O Primo Basílio” e “Os Maias”), oferecendo uma crua visão da realidade, à qual o público não estava acostumado, sendo assim objeto de ataque e viva controvérsia.

    Pode-se destacar, dentro da linguagem e do estilo queirosiano, algumas características mais utilizadas por Eça:
    - o impressionismo: Eça faz uma utilização sistemática e habilíssima do impressionismo literário, multiplicam-se as construções impessoais, misturam-se percepções de tipo diferente - “ uma alvura branca se moveu no escuro”
    - o uso expressivo do adjectivo e do advérbio – “outono luminoso e macio”, “Afonso apoiava-o gravemente”
    - o verbo: utilização inovadora e expressiva, com maior predilecção pelo gerúndio
    - o diminutivo: com sentido de carinho/ternura – “está-se fazendo tarde, Carlinhos” – e com sentido de ironia, depreciação ou sentido pejorativo – “ a russa (…) animava Minhoto com gritinhos, com pancadas de leque”
    - os neologismos e estrangeirismos: possuem carácter cómico e satírico.
    - a repetição
    - a antítese
    - o paralelismo
    - o discurso indirecto livre
    - marcas de oralidade
    - a ironia: utilizada para caricaturar a sociedade
    - a hipálage – “Passinho lento, prudente, correto”
    - a sinestesia: tendência para a síntese de sensações mistas e sensações contraditórias – “o som vermelho do clarim”
    - a aliteração – “um rude trovão rolou, atroou a noite negra”

    Fonte: "Os Maias"

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  17. Numa obra realista o autor procura descrever a realidade tal como ela é. Eça de Queiroz é um desses escritores e nas suas obras são evidentes várias características do realismo/naturalismo. Assim costuma ter como um tema implícito a crítica da sociedade portuguesa. Por exemplo, na intriga de “O Crime do Padre Amaro”, através da relação de Amaro (sacerdote sem vocação) e Amélia (beata), Eça denuncia o abuso de influência praticado pelos padres. "O primo Basílio" serve de crítica ao adultério (Luísa trai o seu marido Jorge com o primo). Na obra, “Os Maias” retrata uma relação de incesto (entre Carlos e Maria Eduarda). Em “A Relíquia” o autor satiriza a beatice e a hipocrisia.
    Na sua crítica o autor consegue mobilizar variadíssimos recursos estilísticos, que torna mais subtil aquilo que pretende dizer, tais como:
    -Hipálage “Um sempre um vago martelar preguiçoso”;
    -Ironia “À entrada para o hipódromo, abertura escalavrada num muro de quintarola, o faetonte teve de parar atrás do dog-cart do homem gordo - que não podia também avançar porque a porta estava tomada pela caleche de praça, onde um dos sujeitos de flor ao peito berrava furiosamente com um polícia”;
    -Adjectivação “Dâmaso era interminável, torrencial, inundante a falar das suas conquistas ”;
    -Adverbiação dupla “insensivelmente, irreversivelmente, Carlos achou-se ” ;
    -Neologismo “cervejando”;
    -Aliteração “um moço loiro, lento, lânguido, que se curvava em silêncio diante dela”;
    -Sinestesia “e, muito alto no ar, passava o claro repique de um sino”;


    Referencias bibliográficas:
    Queirós, Eça de (2006) Os Maia, Lisboa: Edição ''Livros do Brasil''
    Infoescola (2012) Eça de Queirós. Acedido a 10 de março de 2013 em http://www.infoescola.com/literatura/eca-de-queiros/
    Apontamentos da língua portuguesa (2012) Os recursos estilísticos. Acedido a 10 de março em http://jbo.no.sapo.pt/eca/estilo/eca_de_queiros_recursos.htm

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  18. Comentário do Nuno
    O facto de Eça achar que Portugal ocupava o último degrau da civilização, influenciou profundamente os seus romances, tendo mesmo Eça advertido que queria destruir o sistema político instalado, através da sátira.

    Na literatura, Eça nasceu como romancista, mas depois da sua viagem ao Oriente começou a ler Flaubert mais cuidadosamente e o seu estilo de escrita foi evoluindo. Começou a notar-se um estilo mais atento ao pormenor, mais coloquial e mais preciso. Tornou-se num Eça mais realista. A ironia, companheira do ceticismo, tornou-se constante em todas as suas obras, até porque só assim evitava que a sensibilidade se degenerasse em sentimentalismo (doença crónica da literatura portuguesa, segundo a sua perspetiva).

    Eça de Queirós, considerado um mestre na representação literária de tudo o que nos rodeia, até dos sentimentos, consegue nas suas obras dar-nos sempre a ilusão da realidade, pois sempre teve um peculiar cuidado com a elaboração do pormenor descritivo.

    Eça de Queirós produto do seu tempo. Essa afirmação mais do que apropriada é
    merecida, pois, melhor do que ninguém soube realizar um retrato fiel da sociedade
    portuguesa da segunda metade do século XIX, denunciando os vícios e o provincianismo
    que nela predominavam. Porém, embora tenha sido um sujeito representativo da época em
    que viveu e produziu literatura, Eça de Queirós transgrediu o seu tempo, atingindo a
    atualidade de forma vivaz, fato que lhe permite ser até hoje centro de discussão da crítica
    literária brasileira. Beatriz Berrini, uma das maiores representantes da crítica queirosiana no
    Brasil, considera Eça “um artífice que ignorou o fluir do tempo e tem mais a ver com a
    eternidade”

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    1. Revê: "O facto de Eça achar que Portugal ocupava o último degrau da civilização, influenciou profundamente os seus romances, tendo mesmo Eça advertido que queria destruir o sistema político instalado, através da sátira.", substituindo a forma verbal "achar" e o complexo verbal "queria destruir".

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  19. Eça de Queirós é considerado como um dos melhores escritores realistas/naturalistas. Tal facto comprova-se pela grandeza do seu estilo, marcado por naturalidade, vigor narrativo, fluência, precisão, ironia sutil, pormenorização indicativa de situações psicológicas e patológicas, crítica ao clero, à monarquia, à burguesia urbana e provinciana. Eça definiu o Realismo como "uma base filosófica para todas as conceções de espírito - uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano, na eterna região do belo, do bom e do justo, (...) é a crítica do Homem, (...) para condenar o que houver de mau na nossa sociedade. (...) É não simplesmente o expôr (o real) minudente, trivial, fotográfico, (...) mas sim partir dele para a análise do Homem e sociedade."
    “Os Maias” é uma obra excelente para mostrar as faculdades do autor no campo da expressividade e na recursividade da escrita. Eça recorre muitas vezes ao uso expressivo do adjetivo nas suas obras, como se verifica na adjetivação tripla ou ainda com mais adjetivos (“Dâmaso era interminável, torrencial, inundante a falar das suas conquistas”). O advérbio também é muitas vezes usado por Eça na adverbiação dupla (“insensivelmente, irreversivelmente, Carlos achou-se (…)”, frequentemente encontra-se ligado à ironia (“o Eusebiozinho foi então preciosamente colocado ao lado da titi”). No que diz respeito ao verbo, Eça usava muitos neologismos (“gouvarinhar”; “cervejando”). Nas suas obras é frequente a presença de hipálages (“fumava um pensativo cigarro”); aliterações (“passos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete”); ironia ("À entrada para o hipódromo, abertura escalavrada num muro de quintarola, o faetonte teve de parar atrás do dog-cart do homem gordo - que não podia também avançar porque a porta estava tomada pela caleche de praça, onde um dos sujeitos de flor ao peito berrava furiosamente com um polícia. (...) Tudo isto está arranjado com decência - murmurou Craft.")

    (Os exemplos tem como referência a obra os Maias)

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  21. Eça de Queirós procurou usar o o Realismo e o Naturalismo para criticar a sociedade portuguesa no séc. XIX. Recorre, para tal, largamente, à expressividade dos adjetivos e dos advérbios de modo a que estes permitam transmitir ao leitor a impressão daquilo que ele observa, sobre aquilo que vê.
    No entanto, não fica por aí, usa muitos outros recursos de forma inovadora e muito á frente do seu tempo, como:
    Hipálage- “ uma tímida fila de janelinha”
    Adjetivação- “ sob a luz suave e quente das velas”
    Sinestesia- “ o alto repuxo cantava” (uso simultâneo da visão e audição)
    Ironia- “ tudo isto está arranjado com decadência”
    Aliteração- “ passos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete”


    Referências bibliográficas:
    Queirós, Eça de (2006) Os Maias, Lisboa: Edição ''Livros do Brasil''

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  22. Eça de Queirós definiu o Realismo como "uma base filosófica para todas as concepções de espírito - uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano, na eterna região do belo, do bom e do justo, (...) é a crítica do Homem, (...) para condenar o que houver de mau na nossa sociedade. (...) É não simplesmente o expor (o real) minudente, trivial, fotográfico, (...) mas sim partir dele para a análise do Homem e sociedade."

    Os termos Realismo e Naturalismo surgem, frequentemente, associados. Há quem prefira ver o Naturalismo como um prolongamento do Realismo, mas mais consistente e pesquisador. Alguns afirmam que o Naturalismo é um Realismo exacerbado. O próprio Eça de Queirós, no episódio do jantar do Hotel Central, em “Os Maias”, não é claro na explicitação destes dois conceitos.

    Nas obras de Eça de Queirós uma característica realista-naturalista presente é a crítica social. É através de personagens tipo que o autor critica a sociedade. As críticas principais de Eça de Queirós são: desníveis sociais, defeitos da burguesia, corrupção, adultério, incesto, o vício de jogo e do álcool, a prostituição e o tipo de educação tradicional português (educação de Pedro da Maia e Eusebiozinho).

    Outras das características da escrita de Eça de Queirós são:

    - Uso da ironia;

    - Uso de estrangeirismos;

    - Uso de aliterações;

    - Uso de hipálages;

    - Uso da sinestesia;

    - Uso de diminutivos;

    - Uso de adjetivação dupla;

    - Uso de neologismos;

    - Uso do imperfeito descritivo;

    - Uso de aliterações;

    - Uso da elipse.

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  23. Na obra queirosiana está presente características do realismo-naturalismo podemos aperceber-mo-nos disso através do uso de personagens-tipo que são uma forma de criticar a sociedade como por exemplo a corrupção, os defeitos da burguesia, o adultério e os vícios do homem.
    Na obra, o autor utiliza muito a ironia ‘’almazinha de bacharel’’, a adjectivação ‘’suave, luminoso’’, hipálage ‘’onde já desmaiavam as rosas das grinaldas’’, "Defronte do terraço os gerânios vermelhos estavam já abertos (visão); as verduras dos arbustos, muito tenras ainda, de uma delicadeza de renda, pareciam tremer ao menor sopro (visão), vinha por vezes um vago cheiro de violetas, misturado ao perfume adocicado das flores do campo (olfacto); o alto repuxo cantava (audição e visão)" e a aliteração ‘’passos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete ‘’

    Exemplos retirados da obra ‘’OS MAIAS’’ e http://jbo.no.sapo.pt/eca/estilo/eca_de_queiros_recursos.htm e http://ciberduvidas.pt/perguntas/get/299840 e http://www.slideshare.net/joanana/os-maias-apresentao

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    1. Revê a concordância em "a obra queirosiana está presente características" e a construção frásica no mesmo parfágrafo.

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  24. O Realismo é, antes de mais, uma escola literário que surge na segunda metade do séc. XIX, a partir de 1865, como reação aos excessos do formalismo romântico, na sequência da questão Coimbrã e das conferências democráticas do casino.
    Como, de um modo geral, todas as escolas, literárias, o realismo define-se e termos de ideologia, temática e formas literárias.
    O naturalismo é um período literário que se segue ao Realismo, podendo considerar-se, de cerra maneira, como o seu prolongamento. As fronteiras entre as duas correntes (Realismo e Naturalismo) são muito fluidas e, por isso, é, por vezes muito difícil perceber onde acaba uma e começa a outra. Alguns escritores do século XIX, como Eça de Queirós, chegaram a confundir as duas correntes.
    Na escrita Queirosiana encontramos várias críticas a sociedade: Incesto, adultério, vícios (jogo, etc), corrupção, prostituição, etc.
    São diversos os recursos estilísticos que enriquecem a prosa queirosiana. No entanto, das diversas figuras de estilo que imprimem à prosa um estilo particularmente queirosiano, podemos destacar:
    - a Hipalage, que atribui uma qualidade de um nome a outro que lhe está relacionado.
    Exemplos: "Fumando um pensativo cigarro”
    - a Sinestesia, que apela aos aos sentidos para nos descrever um determinado ambiente, Exemplo: "Defronte do terraço osgerânios vermelhos estavam já abertos (visão); as verduras dos arbustos, muito tenras ainda, de uma delicadeza de renda, pareciam tremer ao menor sopro(visão), vinha por vezes um vago cheiro de violetas, misturado ao perfume adocicado das flores do campo (olfacto); o alto repuxo cantava (audição e visão)" (Os Maias).
    - a adjectivação
    -a ironia, que expressa o contrário da realidade, serve não só para satirizar os vícios e males da sociedade portuguesa, mas sobretudo para expor os contrastes e paradoxos que a caracterizavam.
    -Exemplo: "À entrada para o hipódromo, abertura escalavrada num muro de quintarola, o faetonte teve de parar atrás do dog-cart do homem gordo - que não podia também avançar porque a porta estava tomada pela caleche de praça, onde um dos sujeitos deflor ao peito berrava furiosamente com um polícia. (...) Tudo isto está arranjado com decência - murmurou Craft." (Os Maias)
    - a aliteração, que pretende exprimir sensações ou os sons da realidade envolvente através da repetição de sons.
    -Exemplos: "passos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete" (Os Maias).

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    1. Bibliografia :
      Cabral, Avelino Soares , " Análise da obra Os Maias de Eça de Queirós" , Agosto de 2008

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  25. Eça de Queiros admite o realismo como a análise com o fito na verdade absoluta. Por outro lado, o realismo é uma reacção contra o romantismo. o realismo é a anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos, para que nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.
    Nas suas obras, Eça pretende criticar a sociedade portuguesa da época. Para o fazer, utilizou personagens tipo – personagens que não são individuais mas que dizem respeito uma personagem geral que retrata, por exemplo, uma classe social ou uma certa instituição. Com este tipo de personagens, o escritor conseguiu retratar nas suas obras a sociedade em que vivia.Eça julgava a sociedade portuguesa uma sociedade em decadência, por isso era posta no banco dos réus por parte do autor.
    Para isso usa vários recursos estilísticos tal como :
    a hipálage – figura de estilo que consiste em atribuir uma qualidade de um nome a outro que lhe está relacionado, revelando assim a impressão do escritor face ao que descreve.
    "Um sempre um vago martelar preguiçoso"
    - a adjectivação – uso de adjectivos, muitas vezes utilizada a dupla e tripla adjectivação.
    - a ironia – recurso estilístico que, por expressar o contrário da realidade, serve para satirizar e expor contrastes e paradoxos.
    "Tudo isto está arranjado com decência"
    - a aliteração – figura de estilo que utiliza a repetição de sons para exprimir sensações ou sons da realidade envolvente.
    "Então, abrasado, fui ouvindo todos os rumores íntimos de um longo, lento, lânguido banho"

    Exemplos retirados de "Os Maias"

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  27. Eça de Queirós usa ao longo da sua obra o realismo como nova expressão de arte como também o naturalismo, para criticar a sociedade portuguesa no século XIX.
    As características mais evidentes na sua obra são:
    - Uso expressivo do adjectivo e advérbios (para que haja maior riqueza linguística)
    "uma harmonia de tons severos"/"era deliciosamente bem feita"
    - O verbo é também usada de forma inovadora
    "Dos dois lados seguiam, em alturas desiguais, os pesados prédios, lisos e aprumados, repintados de fresco, os vasos nas corrijas onde negrejavam piteiras de zinco"
    - O diminutivo usado normalmente com efeito depreciativo e tom irónico
    "A alma do seu Pedrinho não abandonaria ela á heresia(...)"
    - Os estrangeirismos
    "cocotte"
    - O discurso indireto livre
    "O poeta sorria, passando os dedos com complacência pelos longos bigodes românticos, que idade embranquecera e o cigarro amarela. Que diabo, algumas compensações havia de ter velhice!...Em todo o caso o estômago não era mau, e conservava-se, caramba, filhos, um bocado de coração."
    - O neologismo
    "e vamo-nos gouvarinnhar"
    - Uso de recursos estilísticos como: Comparação"Pedro então caiu para o canapé, como cai um corpo morto"; Metáfora "A casa tinha um bafio de sacristia"; Hipálage "longos, espessos, românticos bigodes grisalhos"; Sinestesia "uma voz rica e lenta, de um tom de ouro que acariciava."; Ironia "O Eusebiozinho foi então preciosamente colocado ao lado da titi"; Sinédoque "arreganhando para o Eusebiozinho um lábio feroz"
    Em "Os Maias" é ainda curioso o facto de o autor conseguir juntar, com equilíbrio, diferentes níveis de língua, intensificando, deste modo, a sua intenção critica ou afinando a construção das personagens
    "Se eram casados, porque não haviam de fazer nené, ou ter uma loja e ganharem a sua vida aos beijinhos?"

    Referências bibliográficas:
    -Queirós, Eça de (2001) Os Maias, Lisboa: Edição "Livros do Brasil";
    -Português 11 preparar os testes 2011- Livro auxiliar

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  28. A prosa de Eça de Queirós reflecte a sua forma de pensar e exprime facilmente o seu modo de ver o mundo e a vida. Este soube explorar, a partir de um vocabulário simples, a força evocativa das palavras com o uso de sentidos conotativos e relações combinatórias. Através de processos como: o ritmo da narração, a descrição, o diálogo, monólogos interiores e comentários.
    Eça revela um estilo literário dualista, por um lado descreve de forma fiel a realidade observável e por outro, a fantasia e a imaginação do escritor realçam essa mesma descrição. Deste modo, deixa transparecer as impressões que lhe ficam da realidade que descreve já que considera que não bastava descrever pormenorizadamente aquilo que se observava, mas que também era necessário manifestar o sentimento que resulta dessa mesma observação.
    De modo a tornar a sua escrita mais expressiva, Eça apoia-se nos adjectivos e advérbios de modo que transmitem ao leitor uma sensação de visualização. O adjectivo é usado com uma sabedoria e criatividade que faz dele a categoria gramatical por excelência na obra queirosiana. Assim, consegue demonstrar a sua visão crítica sobre a sociedade do século XIX de uma forma subtil mas que terá um grande ênfase, fazendo com que a sua sátira nos pareça objectiva.
    No estilo Queirosiano, o adjectivo é usado de forma extremamente subjectiva e não pretende estabelecer qualquer relação directa com o substantivo que qualifica, mas sim dar a entender a relação entre esse nome e os outros, despertando a imaginação. Deste modo, o adjectivo surge com um carácter impressionista da prosa de Eça de Queiroz, já que é utilizado para mostrar ao leitor os sentimentos produzidos no escritor.
    Outra característica literária presente nas obras de Eça é o uso de adjectivação dupla e tripla, com vista a mostrar não só a descrição mas, novamente, complementando-a com as impressões que surgem da mesma.
    A prosa Queirosiana é enriquecida com vários recursos estilísticos. Aquelas que se podem destacar por melhor representam o estilo de Eça são:
    - a hipálage – figura de estilo que consiste em atribuir uma qualidade de um nome a outro que lhe está relacionado, revelando assim a impressão do escritor face ao que descreve.
    - a sinestesia – figura de estilo relacionada com o apelo aos sentidos que nos transporta para um conjunto de sensações por nos descrever determinado ambiente (cenário envolvente) com realismo, tornando-nos de certa forma testemunhas desse cenário.
    - a adjectivação – uso de adjectivos, muitas vezes utilizada a dupla e tripla adjectivação.
    - a ironia – recurso estilístico que, por expressar o contrário da realidade, serve para satirizar e expor contrastes e paradoxos.
    - a aliteração – figura de estilo que utiliza a repetição de sons para exprimir sensações ou sons da realidade envolvente.

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  29. A Obra Queirosiana, evidencia em toda a sua extensão, muito do seu lado realista/naturalista, sem dúvida nenhuma, a descrição é a mais notória, pois a descrição é a forma mais prática de apontar e mais do que isso criticar o mundo que o rodeia (objectivo dos realistas/naturalistas).
    Mas não são apenas estas as caracteristicas, que o denunciam como um autor e inovador realista:
    -Adjectivação (dupla e tripla) "(...) os seus dois olhos redondos e agoirentos"
    -Adjectivos com função caricatural e satírica "Dâmaso era interminavel, torrencial, inundante as falar das suas conquistas."
    -Adverbio adjunto de modo, ao serviço da ironia "O Eusebiozinho foi então colocado preciosamente ao lado da titi (...)" ;adverbiação dupla e tripla "Insensivelmente, irreversivelmente, Carlos achou-se(...)"; adverbio com valor metafórico "molentemente" etc
    O verbo desempenha tambem um valor importante assim como o neologismo "gouvarinhar".
    Eça serve-se de empréstimos, e discurso indirecto livre; do diminutivo "(...)tinha uma cadelinha escocesa...".
    Ao nivel dos recursos estilisticos, destacam-se, a aliteração "um moço loiro, lento,lânguido, que se curvava em silêncio perante dela"; hipálage "(...) confiava silenciosamente os seus bigodes tristes.";Ironia "É possivel-respondeu o inteligente Silveira" e a Sinestesia "(...) e, muito alto no ar, passava o claro repique de um sino."
    Tudo isto para enriquecer uma obra, cujo principal objectivo, do autor, era passar aos leitores os seus ideais realistas/naturalistas criticando a sociedade e colocando a arte ao serviço da revolução.

    Todos os exemplos são retirados da obra "Os Maias"

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    1. Retira a primeira vírgula, pois separa o sujeito do predicado.

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  30. Nós já vimos que o Realismo foi a estética literária da segunda metade do século XIX, considerado como um movimento de reação aos ideais românticos. Sua principal característica foi a preocupação com a realidade, buscando reproduzi-la através do objetivismo.
    Eça de Queirós foi o autor que, como nenhum outro, conseguiu trabalhar a temática realista.
    Realismo é a crítica. Crítica é a palavra síntese de Eça de Queirós. O grande autor realista denunciou, como nunca fora visto, sociedade portuguesa.
    Para Eça de Queirós o Realismo era uma nítida oposição ao Romantismo:
    “O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento: - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade”.
    Eça de Queirós

    Caracteristicas:
    1. Veracidade - Representação da realidade como ela é, fugindo do sentimentalismo; objetividade.
    2. Retrato fiel das personagens, sem idealização. Além de mostrar aspectos negativos da natureza humana, procura interpretar o caráter da personagem e os motivos de suas ações (Psicologia).
    3. Contemporaneidade.
    4. Lentidão narrativa decorrente da minuciosidade descritiva, da análise, do maior interesse na caracterização que na ação.
    5. Materialização do amor – a mulher é um objeto de prazer, lado físico; é comum a temática do adultério.6. Função social da arte através da denúncia das injustiças sociais.
    7. Linguagem próxima à realidade e preocupação formal, linguagem simples, natural, correta, clara e equilibrada.
    8. Relação de causa e efeito - o realista procura uma explicação lógica para as atitudes das personagens, considerando a soma de fatores que justificam suas ações.

    Naturalismo surge muito próximo do Realismo e chega a ser confundido com ele. Mas, se tem semelhanças, também tem diferenças. O Naturalismo pode definir-se como uma conceção filosófica que considera a Natureza como única realidade existente, recusando explicações que transcendam as ciências naturais. Graças às teorias positivistas e experimentais, passa a interessar-se pelo estudo analítico. Não lhe bastam os quadros objetivos da realidade, mas analisa também as circunstâncias sociais que envolvem cada personagem.
    O romance naturalista é, em geral, de carácter experimental e cientificista, um romance de tese que se orienta para a análise social e valorização do colectivo. Procura mostrar o indivíduo como produto de um conjunto de factores "naturais" - meio em que vive e sobre o qual pode agir momento e hereditariedade psicofisiológica - geradores de comportamentos e situações específicas.

    Características:
    1. Visão determinista e mecanicista do homem - Nivelamento do homem ao animal, sujeito a forças que determinam o seu comportamento: o meio, o instinto, a hereditariedade e o momento.
    2. Cientificismo - O homem é visto como um “caso” a ser analisado.
    3. Personagens patológicas - Os romances experimentais do Naturalismo procuram comprovar às teses deterministas usando personagens psiquicamente desequilibradas ou marginais.
    4. Contemporaneidade.
    5. Crítica social e reformismo – Denunciando as mazelas sociais, objetivando mudar a realidade.
    6. Preferência em retratar as camadas marginalizadas da sociedade.
    7. Oscilação da linguagem: ora vulgar e/ou coloquial ora incorporando termos científicos – vocabulário ligado à Biologia e à Medicina.

    Fontes:
    http://pt.scribd.com/doc/3373992/Literatura-Aula-14-Eca-de-Queiros-e-o-realismo
    http://www.acervoescolar.com.br/literatura-realista-e-naturalista-caracteristicas-movimento-realismo-naturalismo/
    http://mariamarcelino.tripod.com/realismo.htm

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  31. Eça de Queirós para escrever as suas obras utiliza vários recursos estilisticos tais como a hipálage (ex: “Fumando um pensativo cigarro”), a sinestesia (“O alto repuxo cantava”), a ironia(“(...)onde um dos sujeitos de flor ao peito berrava furiosamente com um policia(...)”), a adjetivação e a aliteração(“passos lentos,pesados,pisavam surdamente o tapete”), o que torna o seu estilo literario muito próprio e inovador.
    A sua escrita não é demasiado expositiva, utiliza frases curtas e diretas para que a realidade possa ser expressa tal como ela é realmente, e para que as emoções sejam interpretadas corretamente pelos leitores. A pontuação, para Eça, serve para marcar pausas, para mostrar exitações, mudanças no tom de voz e o ritmo.
    O autor, para não repetir os mesmo verbos declarativos, utiliza o estilo indireto livre para que nas suas falas, as personagens, nao repitam despropositadamente as mesma palavras.

    Eça, para mostrar aos leitores a sociedade do seu tempo utiliza, em cada personagem, uma linguagem muito propria da classe social a que pertenciam e assim de uma forma subentendida critica a sociedade do séc.XIX. As personagens que o autor utiliza não são personagens induviduais, são personagens que pretendem retratar uma classe social ou uma instituição.
    Nas suas obras, o autor retrata a sociedade so seu tempo e a mesmo tempo dá a sua opinião critica sobre aquilo que observa.

    Referencias bibliograficas:
    http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/portugues/11linguagestiloqueiros.htm
    "Os Maias"

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  32. Eça de Queirós foi o autor que mais trabalhou a temática realista/naturalista. Todo este afinco para trabalhar nesta temática deve-se talvez ao facto de Eça ser contra o romantismo, trabalhando assim numa temática contra o romantismo, o realismo/naturalismo.
    Nas obras de Eça, uma característica realista claramente presente, é a critica social, tal como podemos constatar em "Os Maias". Aliás, a mensagem que Eça pretende transmitir com "Os Maias" é iminentemente critica.
    Outra característica que marca a obra de Eça de Queirós é o uso de certos recursos estilísticos, tais como:
    - A hipálage, por exemplo: "Fumando um pensativo cigarro";

    - Elipses;

    - Adjectivações;

    - A sinestesia que apela aos sentidos para nos descrever um determinado ambiente, de forma a nos "levar para esse ambiente" permitindo assim uma boa descrição do cenário envolvente. Ex: "verduras dos arbustos"

    - A aliteração;

    - A Ironia. Eça uso muito a ironia, nomeadamente para criticar a sociedade.

    - Estrangeirismos.

    Exemplos retirados da obra "Os Maias".

    Fontes: http://jbo.no.sapo.pt/

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