No decorrer do estudo da obra queirosiana referimo-nos, diversas vezes, ao recurso à técnica impressionista por parte do autor nas descrição que faz.
O Impressionismo foi um movimento artístico que surgiu na pintura francesa no final do século XIX. O nome do movimento deve-se à obra Impressão, nascer do sol, de Claude Monet. Rapidamente se expandiu para áreas como a literatura, a fotografia, a música, a filosofia. Entre nós, na pintura, ficou conhecido o artista José Malhoa (1855-1933) e a sua tela À Beira-Mar ou Praia das Maçãs onde é marcante a influência do movimento estético impressionista.
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À Beira-Mar ou Praia das Maçãs (José Malhoa, 1918) |
A vossa tarefa: escolher uma descrição de Os Maias e confrontar as técnicas dos dois autores, sabendo que os dois foram influenciados pelo Naturalismo.
Em carateriza o ‘’seu’’ próprio impressionismo como a capacidade de «surpreender a realidade exterior das coisas nos seus tons flagrantes, os estilos novos, tão precisos e tão dúcteis, apanhando em flagrante a linha, a cor , a palpitação mesma da vida», através da utilização das hipálages, o uso expressivo do verbo, advérbio e adjetivo e da adjetivação, bem como os recursos mais usuais: metáfora, hipérbole, comparação, enumeração e sinestesia. O verbo também tem utilização também extremamente expressiva, sendo o gerúndio (como meio de retardar a ação) e imperfeito os mais usados na técnica impressionista, que se concretiza por uma incidência das qualidades visuais a nível da luz e da cor, nos ambientes.
ResponderEliminarPor seu lado, o pintor José Malhoa é conhecido pela arte na descrição das situações, detalhadamente, o que foi capaz de criar belas obras, tal como À Beira-Mar ou Praia das Maçãs.
Não compreendi o início da tua intervenção. Julgo que lhe faltará algo.
EliminarNesta pintura de José Malhoa, À Beira-Mar ou Praia das Maçãs, está presente, sem dúvida, a técnica impressionista. Ao longo da pintura consegue-se detetar o pormenor, a característica que predomina desta técnica, apercebemo-nos da ondulação da toalha, realçando a ideia de estar levantada, dos reflexos do sol, que penetram nas fendas do telhado de palha em ruinas e ainda do bolor da madeira que suporta o pobre telhado de palha.
ResponderEliminarEm Os Maias também é usada a técnica impressionista, Eça faz descrições de personagens e de cenários cheias de pormenor e delicadeza. Quando faz a descrição de Maria Eduarda, “a sua linda face oval de um trigueiro cálido, dois olhos maravilhosos e irresistíveis, prontos a humedecer-se,…” (l (s): 2,3,4 - p.174 - Manual), e também quando descreve o ambiente que estava a ser vivido, seguido da morte da mãe de Pedro da Maia, “e levado o caixão, saídos os padres, caiu numa angústia soturna, obtusa, sem lágrimas, de que não queria emergir, estirado de bruços sobre a cama numa obstinação de penitente” (l (s): 28,29,30 – p.174 – Manual).
Então podemos concluir que ambos utilizam a técnica impressionista, influenciados pelo naturalismo, o José Malhoa na sua pintura e o Eça de Queirós na escrita.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEça de Queirós, apesar de não ter demonstrado interesse no impressionismo (ao invés do seu amigo Ramalho Ortigão) acaba por, consciente ou inconscientemente, utilizar esta técnica de perceção imediata em que as qualidades óticas do objeto se sobrepõem a este, como podemos, aliás, confirmar na maioria das descrições ao longo da obra “Os Maias” até pela importância que assumem no decorrer das ações.
ResponderEliminarJacinto Prado Coelho afirma que em “Os Maias”, «os quadros descritivos partem sempre da realidade observada (ao contrário do que sucede no Romantismo), embora a imaginação do autor tudo eleve ao domínio do sonho, (…) próprio de um realismo impressionista». É através de dos processos estilísticos e linguísticos mencionados pela Cristiana, que o autor consegue rapidamente dar a conhecer as formas, as cores, a luz e até os sons que caraterizam a paisagem mirada como elevado pormenor.
Assim também na obra “A Praia das Maçãs” do pintor José Malhoa são percetíveis alguns pormenores, além dos mencionados pela Adriana, tais como o movimento que nos sugerem as ondas do mar ou as sombras no muro, no chão e no vestido da figura feminina.
O artista José Malhoa utiliza na sua obra pequenos grandes promenores, conforme foi referido pela Margarida como o movimento das ondas, as sombras nos muros e no chão, o vestido da figura femenina e a toalha, assim como toda a sua obra (“ Á beira-mar ou a praia da maças”), promenores estes caracteristicos do impressionismo.
ResponderEliminarTambem Eça de queiros utiliza o impressionismo nas sua descriçoes na sua obra “Os Maia”, mesmo de não ter demonstrado interesse, por exemplo quando no inicio da obra o autor faz a descriçao do Ramalhete “…Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspeto tristonho de residência eclesiástica que competia a uma edificação do reinado da senhora D. Maria I: com uma sineta e com uma cruz no topo, assemelhar se ia a um colégio de Jesuítas." (Cap. I).
Em suma posso dizer que tanto Eça de Queiros com Jose malhoa utilizam o impressionismo nas suas obras, influenciado pelo naturalismo.
Penso que a descrição que escolhi é representativa daquilo que são as influências impressionistas na obra "Os Maias". "Os cavalos passavam junto da tribuna. Todos s ergueram, de binóculos na mão. O "starter" ainda estava na pista, com a bandeira vermelha inclinada ao chão: e as ancas dos cavalos fugiam na curva, lustrosas de luz, sob as jaquetas enfunadas dos "jockeys".
ResponderEliminar(...) e pela pista verde, os cavalos corriam, mais pequenos, finamente recortados na luz (...), e o distante horizonte resplandecia, com dourados de luz, brilhos de rio vidrado, fundindo-se numa névoa luminosa, onde as colinas, nos seus tons azulados, tinham quase transparências, como feitas de uma substância preciosa...".
Nesta descrição da corrida de cavalos, temos a impressão do movimento dos cavalos e da pessoas que assistem á corrida, assim como no quadro de José Malhoa temos a impressão de que o sol está a nascer. Esta corrente caracteriza-se assim por ser a partir dos sentidos que há o registo das impressões, emoções e sentimentos, servindo-se mariotariamente da Hipálage e da sinestesia para isso.
O descritivismo desempenha assim um papel fundamental no impressionismo aplicado á literatura.
Assim, como nos quadros de José Malhoa e Claude Monet, no excerto que eu escolhi (descrição de Pedro-primeiro capitulo) Eça descreve-o ao pormenor, sem deixar nada escapar. É como se Eça estivesse nos fizesse passar o momento à frente dos nossos olhos, enquanto o descreve; cada descrição que faz é como cada pincelada que o pintor dá. Eça fá-lo recorrendo a vários recursos estilísticos como a adjetivação com a intenção de descrever tudo ao pormenor (característica do Realismo): Pedro era- “mudo, murcho, amarelo…”,a ironia para acentuar a crítica social, nomeadamente, o uso dos diminutivos: Pedro “ aos dezanove anos teve o seu bastardozinho”, a comparação “ficara pequenino e nervoso como Maria Eduarda ”.
ResponderEliminarNo quadro de José Malhoa podemos ver, que também existem muitos pormenores, enquanto pinta ele pensa em tudo, por exemplo, conseguimos ver a madeira da mesa, pois o vento levantou a toalha.
Eça de Queirós utiliza o impressionismo na sua obra “Os Maias”. Ele recorre a esta técnica através do uso excessivo de advérbios; adjetivos, na adjetivação e hipálages. Para além disto também usa muitas vezes recursos expressivos, como a metáfora; comparação; sinestesia … Podemos encontrar algumas das situações anteriores no seguinte excerto descritivo:
ResponderEliminar“Do lado do mar subia uma maravilhosa cor de ouro pálido, que ia no alto diluir do azul, dava-lhe um branco indeciso e opalino, um tom de desmaio doce; (…)”(capVIII).
Tal como Eça, também José Malhoa recorre à técnica impressionista podemos constatá-lo na sua obra “Praia das Maçãs”, pois a representação do movimento das ondas e da toalha é feita de um modo muito real. Existem muitas outras características aqui presentes e pertencentes ao impressionismo.
Como referencia ao impressionismo(ao nivel da pintura) temos a obra de José Malhoa "À beira-mar ou praia das maças" que representa uma realidade do quotidiano juntando dois dos aspectos da sua pintura, o retrato e a paisagem.
ResponderEliminarComo ja foi referido pelos meus colegas tambem podemos observar o uso do impressionismo por parte de Eça de Queirós na sua obra "Os Maias" visto que Eça descreve os espaços, as personagens tudo com grande rigor e com uma grande descrição(e para isso Eça de Queirós recorre aos recursos estilisticos), tomo como exemplo o seguinte excerto:"Entravam então no peristilo do Hotel Central - e nesse momento um coupé da Companhia, chegando a largo trote do lado da Rua do Arsenal, veio estacar à porta.
Um esplêndido preto, já grisalho, de casaca e calção, correu logo à portinhola; de dentro um rapaz muito magro, de barba muito negra, passou-lhe para os braços uma deliciosa cadelinha escocesa, de pêlos esguedelhados, finos como seda e cor de prata; depois apeando-se, indolente e poseur, ofereceu a mão a uma senhora alta, loira, com um meio véu muito apertado e muito escuro que realçava o esplendor da sua carnação ebúrnea. Craft e Carlos afastaram-se, ela passou diante deles, com um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem feita, deixando atrás de si como uma claridade, um reflexo de cabelos de oiro, e um aroma no ar. Trazia um casaco colante de veludo branco de Génova, e um momento sobre as lajes do peristilo brilhou o verniz das suas botinas.» (pp. 156-157).
Assim,posso concuir que ambos se serviram do impressionismo quer ao nivel da escrita como da pintura.
Como já foi mencionado pelos meus colegas,nas obras de Jose Malhoa está presente o impressionismo pois: a pintura á beira-mar ou praia das maças representa uma realidade do quotidiano juntando dois dos aspectos , o retrato e a paisagem. O quadro exprime movimento e encontra-se em perspetiva.José Malhoa procurou representar até ao mais pequeno pormenor as sombras projetadas e a incidência da luz e isso vê-se no muro, no chão e no vestido cor-de-rosa.
ResponderEliminarJá em "os Maias" o impressionismo caracteriza-se pela frequência de construções impessoais, uma vez que o efeito é percepcionado independentemente da causa; frequência da hipálage . Relativamente aos substantivos e adjetivos, a obra de Eça contem muito mais adjetivos do que substantivos.
N' Os Maias, existem em maior ou menor grau todos os níveis de linguagem. Esta obra é muito rica em figuras de estilo, o que lhe concede um cunho particularmente queirosiano.Também estão presentes aliterações, adjetivações, comparações, personificações.~
Podemos ver a presença do impressionismo nos "Maias" no seguinte excerto referente á descrição do ramalhete: "Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas janelas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de residência eclesiástica que competia a uma edificação dos tempos da Sra. D. Maria I; com uma sineta e com uma cruz no topo, assemelhar-se-ia a um colégio de jesuítas” .(Cap.1)Desta forma podemos afirmar que ambos nas suas obras tem presente o impressionismo influenciados pelo naturalismo.
Antes de mais, concordo com o que os meus colegas anteriormente referiram.
ResponderEliminarOs impressionistas valorizam a impressão pura, a perceção imediata, tiram o maior partido da cor e da luminosidade, em quadros de ar livre, como por exemplo José Malhoa e Eça de Queirós. São realistas á sua maneira, sendo fieis á sensação, interessando-se não no objeto em si mas no efeito que o pintor/escritor acabava por provocar.
Eça de Queirós faz uma sistemática do impressionismo literário, onde a qualidade de ótica do objeto, principalmente a cor, antepõe-se ao objeto, como por exemplo nesta descrição “Os Maias”, ”Uma alvura de saia moveu-se no escuro” em vez de “Alguém com uma saia branca moveu-se no escuro”.
José Malhoa também utiliza o impressionismo, como por exemplo, na toalha da mesa, as ondas do mar, as sombras, a humidade no muro, entre outros.
Em "Os Maias" Eça de Queirós deixou transparecer as sua veia impressionista, tal como José Malhoa na sua obra " À Beira-Mar ou Praia das Maçãs ".
ResponderEliminarO excerto que eu escolhi foi o seguinte :
" (...) Uma sala mais pequena, ao lado, onde se fazia música, tinha um ar de século XVIII com os seus móveis enramalhetados de ouro, as suas sedas de ramagens brilhantes: duas tapeçarias de Gobelins, desmaiadas, em tons cinzentos, cobriam as paredes de pastores e de arvoredos.
Defronte era o bilhar, forrado de um couro moderno trazido por Jones Bule, onde, por entre a desordem das ramagens verde-garrafa, esvoaçavam cegonhas prateadas (...) "
O excerto que eu escolhi retrata bem a decoração daquela divisão, dando-nos a percepção de que lá estavamos, tal como o quadro de José Malhoa nos dá a sensação de movimento (por exemplo as ondas do mar).
Como já foi referido anteriormente, tanto José Malhoa como Eça de Queiroz, recorrem à utilização de inúmeras técnicas impressionistas.
ResponderEliminarA tela “À Beira-Mar ou Praia das Maçãs” de José Malhoa comprova o que anteriormente referi, pois nela podemos encontrar grande parte dessas características. Tanto a luz como o movimento são transcritos para a tela utilizando pinceladas soltas, tornando-se assim o principal elemento da pintura. Também podemos visualizar que a pintura foi feita ao ar livre, o que ajuda o pintor a captar melhor as variações de cores da natureza.
Eça de Queiroz também considerava que não bastava apenas descrever pormenorizadamente aquilo que observava, era necessário também deixar transparecer a impressão/o sentimento imediato que resultava dessa observação. Assim na sua obra “Os Maias”, Eça de Queiroz também recorre às técnicas impressionistas nomeadamente na descrição que faz do Ramalhete: “Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado…”.
Assim, é natural que muitas, senão todas, as marcas estilísticas queirosianas revelem mais do que a realidade observável: são antes o resultado de um olhar perspicaz e crítico do autor sobre a sociedade que o rodeia.
Como já foi referido por muitos, neste quadro de José Malhoa(À Beira-Mar ou Praia das Maçãs) são perfeitamente visíveis muitas das características do impressionismo, tais como: as tonalidades, as sombras, as cores, etc.
ResponderEliminarComo também já foi dito, podemos constatar o uso do impressionismo por parte de Eça de Queirós pois ele descreve tudo com muita exactidão utilizando bastantes recursos expressivos, tais como metáforas, comparações, hipérboles, etc, conseguindo assim uma melhor descrição do espaço e das personagens, uma descrição mais impressionista.
Um bom exemplo do impressionismo usado por Eça é o excerto apresentado pelo Nelson:
"…Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspeto tristonho de residência eclesiástica que competia a uma edificação do reinado da senhora D. Maria I: com uma sineta e com uma cruz no topo, assemelhar se ia a um colégio de Jesuítas."
A técnica impressionista valoriza a impressão pura, a percepção imediata, tirando partido dos sentidos, interessando-se, não pelo objecto em si, mas pelo efeito que provoca.
ResponderEliminarEça de Queiroz faz uma utilização sistemática e habilíssima do impressionismo literário, multiplicam-se as construções impessoais e a qualidade óptica do objeto (em especial a sua cor) antepõe-se ao objeto: “Uma alvura de saia moveu-se no escuro” (“Os Maias”) em vez da expressão mentalmente elaborada “Alguém com uma saia branca se moveu no escuro”. Através de processos estilísticos e linguísticos o autor consegue transmitir-nos as sensações vividas pelas personagens.
Assim como na obra de Eça, na tela “À beira-mar ou Praia das Maçãs” de José Malhoa, também podemos observar o mesmo rigor e pormenor, característico do impressionismo, por exemplo o movimento das ondas do mar, as sombras, o musgo e o vestido da figura feminina.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEu concordo com o exemplo que a minha colega Catarina Cachada colocou, pois, vai de encontro às técnicas impressionistas, exemplificadas "Impressão, nascer do sol, de Claude Monet" e "À Beira-Mar ou Praia das Maçãs, de José Malhoa ".
ResponderEliminarNa obra de José Malhoa existe uma aplicação muito precisa de técnicas impressionista com as ondas do mar, o vestido e a toalha de mesa que pareciam estar a mexer, com o vento, isto faz com que tenhamos um sensação de movimento. As cores vivas utilizadas também dão a sensação que o sol estás radiante.
Esta mesma sensação de movimento aparece na obra "Impressão, nascer do sol, de Claude Monet" em que aparece um sol nascendo no horizonte.
Bruno Fernandes:
ResponderEliminarEça de Queirós, não era muito apreciador do impressionismo, embora a usasse frequentemente nas suas descrições ao longo da obra Os Maias, sendo estas bastante importantes para o desenlace da história. Podemos comprovar isso por exemplo no capítulo I da obra, quando Eça descreve o Ramalhete, ”… mas tinha o ar simpático, com os seus girassóis perfilados ao pé dos degraus do terraço, o cipreste e o cedro envelhecendo juntos como dois amigos tristes, e a Vénus Citereia parecendo agora, no seu tom claro de estátua de parque…”,”E, desde que a água abundava, a cascatazinha era deliciosa…melancolizando aquele fundo de quintal soalheiro com um prato de náiade doméstica, esfiado gota a gota na bacia de mármore.””
Já José Malhoa, apresenta uma técnica também influenciada pelo naturalismo pois, este retrata a realidade ao pormenor e na pintura acima, o pintor apresenta uma realidade dos veraneantes do início do século XX. Este quadro trata-se de uma leitura social, um almoço ou lanche num ambiente calmo e romântico sobre o mar, juntando dois dos aspetos da pintura de José Malhoa, o retrato e a paisagem, o início do impressionismo em Portugal.
Ramalho Ortigão, conterrâneo e correspondente de Eça encontrou, em França, principalmente com Edouárd Manet, princípios que com quais se identificava no Iluminismo, não partilhados pelo autor d’ ‘’Os Maias’’. Este considerava mesmo pouco válidos os artistas da nova corrente estética que dominava a pintura no último quartel do séc. XIX. Ainda assim, a corrente influi de forma muito significativa na sua escrita.
ResponderEliminarDiscípulo de Flaubert, que teria sido o mais impressionista dos realistas, Eça de Queirós superava o próprio mestre. Nas suas descrições não se limitava a usar as palavras, mas a com elas pintar um quadro para o leitor, sendo uma espécie de pintor em prosa. O seu discurso é tão vivo que, tomando como exemplo as expressivas páginas em que descreve as Corridas do Hipódromo, o ambiente nos rodeia. Traduz a impressão momentânea, a nota fugidia, porém impressiva, o jogo entre as formas, as cores, a luz e até os sons, com as hipálages, sinestesias, a utilização expressiva do advérbio, bem como do verbo e adjetivo. É, assim, capaz de realçar os pormenores tal como é feito de forma singular por José Malhoa no seu quadro.
Podemos então, afirmar que, embora não reconhecesse a sua veia impressionista, esta seria denunciada pela sua obra, com o estivo vivo, sintético e subtil que o carateriza.
Os impressionistas valorizaram a impressão pura, a perceção imediata, não intelectualizada, com o seu carácter fragmentário e fugaz. Tiraram o maior partido da cor e da luminosidade, em quadros de ar livre, com objetos de contornos esfumados. Foram realistas à sua maneira, porquanto, na sua fidelidade à sensação, abstraíram das vivências íntimas, ao mesmo tempo que reagiam contra o realismo, interessando-se, não pelo objeto em si, mas pelo efeito que provoca no pintor.
ResponderEliminarEça de Queiroz usa o impressionismo não nos quadros mas em expressões como por exemplo : "Uma alvura de saia moveu-se no escuro", embora não o faça em quadros Eça, consegue transmitir as mesmas características que Claude Monet.
Comentário do Luís
ResponderEliminarO autor de ‘’Os Maias’’ contraria aquilo que dizia ser a sua opinião: o desinteresse total pelas pinturas impressionistas como À Beira-Mar ou Praia das Maçãs, da autoria de José Malhoa, nas obras ‘’O Primo Basílio’’ e ‘’Os Maias’’. Estas mostram bem esse uso expressivo da palavra, o que se traduzia numa detalhada descrição da paisagem, realçando os pormenores aparentemente imperceptíveis da mesma.
O palacete d’ ‘’Os Maias’’, às Janelas Verdes, aberto para o Tejo, era propício à pintura (com as palavras) de íntimos horizontes. Dele, Eça descobre uma vista, entre duas paredes altas, que se nos transmite de forma viva. Num serão do Ramalhete, já tarde, também nos ‘’ilumina’’ o relógio Luís XV ‘’alegremente, vivamente, a toada a argentina do seu minuete’’. Para tal usa os recursos estílicos já enunciados pela Cristiana, conferindo ao ambiente uma minuciosidade semelhante à do quadro de José Malhoa.
Observam-se, dessa forma, particularidades muito curiosas no estilo queirosiano, em perfeita conexão com o impressionismo do seu tempo.
Comentário da Eduarda
ResponderEliminarComo a minha colega Cátia disse, Eça de Queirós utiliza o impressionismo na sua obra “Os Maias”, influenciado pelo naturalismo.
Eça recorre muito ao uso expressivo de advérbios; adjetivos, a adjetivação e hipálages. Para além disto também usa muitas vezes recursos expressivos, como a metáfora; comparação; sinestesia de forma a fazer o que José Malhoa faz na sua obra de arte: retratar o ambiente, colocando em evidência os pormenores. Podemos usar como exemplo, na obra queirosiana, o retratamento de Maria Eduarda quem é dado o aspeto de deusa, uma pessoa superior à mulher comum, justificando, de alguma forma, o interesse de Carlos.
Por isso, apesar de Eça dizer não lhe agradar o movimento impressionista, a sua obra caracteriza-o de forma quase perfeita, pormenorizando os ambientes através de uma grande flexibilidade da palavra.
O Impressionismo é uma arte alegre e vibrante, nela encontramos contrastes da natureza, transparências luminosas, claridade das cores, sugestão de felicidade e da vida harmoniosa.
ResponderEliminarNo quadro de Monet, o impressionismo destaca-se através das cores que se realçam, assim como as pinceladas são rápidas, pois a luz muda rapidamente e logo a referência visual se perde (os impressionistas evitam pintar de memória).
O quadro de José Malhoa, apresenta uma realidade do quotidiano, juntando dois dos aspectos da pintura de Malhoa, o retrato e a paisagem. Pinta de forma absoluta, fechada e simplificada, apresentando tanto a figura humana como a perspectiva do ambiente em seu redor. Procura representar o mais ínfimo pormenor as sombras projectadas e a incidência da luz.
Na obra Os Maias, o impressionismo caracteriza-se pelas frequências de construções impessoais, hipálage e ironia. Em relação aos substantivos e adjectivos, a obra contém mais adjectivos do que substantivos.
Na pintura de José Malhoa, “Á beira mar ou praia das maças”, tal como a obra de Eça de Queiros, “Os Maias”, utilizam o impressionismo, mesmo sendo de formas diferentes pois a obra de José Malhoa é uma pintura e tem que ser as pessoas a imaginar o que as figuras poderão estar a fazer, já a obra de Eça de Queirós é literatura e somos nós leitores que temos que visualizar mentalmente o lugar que o autor pretende retratar.
ResponderEliminarEça de Queirós utiliza, para descrever o espaço na sua obra, comparações, personificações, metáforas, enumerações, adjetivações e advérbios; Estes recursos estilisticos estão mais presentes no seguinte excerto: “A sala de espera dos doentes alegrava com o seu papel verde de ramagens prateadas, as plantas em vasos de Ruão, quadros com muita cor, e ricas poltronas cercando a jardineira coberta de coleções do “Charivari”, de vistas esterioscópicas, de albúns de atrizes seminuas, ...” (Cap.IV).
Já José Malhoa pinta as suas obras de uma forma tão pormenorizada que conseguimos logo detectar a utilização da técnica impressionista pois quando olhamos para a obra “Á beira mar ou praia das maças” depara-mo-nos com vários pormenores que, se calhar, outro artista era capaz de não se importar com eles como por exemplo, os raios de sol que atravessam a cobertura, os objectos no parapeito da janela, a tinta descascada no muro, entre outros.
Corrige:"depara-mo-nos"
EliminarComo foi dito anteriormente pelos meus colegas Eça de Queirós e José Malhoa utilizam inúmeras técnicas impressionistas. Na pintura de José Malhoa “ À Beira-Mar ou Praia das Maçãs”, podemos observar que no quadro, em perspetiva, o movimento (ao olharmos com atenção para a pintura dá-nos a sensação do mexer das ondas do mar com o do vento, da toalha e as cores do quadro são coloridas mas claras.
ResponderEliminarNa obra “ Os Maias”, Eça de Queirós, também faz descrições pormenorizadas, mas no próprio texto. Utiliza muitos recursos expressivos e adjetivos para fazer as caraterizações e ajudar a criar esse visualismo semelhante ao do quadro. “Era uma manhã muito fresca, toda azul e branca, sem uma nuvem, com um lindo sol que não aquecia e punha nas ruas, nas fachadas das casas, barras alegres de claridade dourada. Lisboa acordava lentamente: as saloias ainda andavam pelas portas com os seirões de hortaliças; varria-se devagar a testada das lojas, no ar macio morria à distância um toque fino de missa.” (cap. VIII).
Estes autores, em diferentes ramos da arte, são capazes de criar naquele que lê ou admira o visualismo próprio do movimento impressionista.
Substitui: "diferentes ramos da arte" por diferentes áreas de expressão artística, por exemplo.
EliminarNa pintura de José Malhoa, à Beira-Mar, está presente, a técnica impressionista. Ao longo da pintura consegue-se detetar o pormenor, a característica que predomina desta técnica, apercebemo-nos da ondulação da toalha, realçando a ideia de estar levantada, dos reflexos do sol, que penetram nas fendas do telhado de palha em ruinas e ainda do bolor da madeira que suporta o pobre telhado de palha.
ResponderEliminarEm Os Maias também é usada a técnica impressionista, Eça faz descrições de personagens e de cenários cheias de pormenor e delicadeza. Podemos ver expressionismo neste excerto,«Uma alvura de saia moveu-se no escuro» (Os Maias, II, ed. 1946, p. 154)
O impressionismo veio, sem dúvida, trazer à expressão literária ricas virtualidades, hoje correntemente aproveitadas na prosa como na poesia.
Em ambas as situações ( tanto no Quadro de José Malhoa "à Beira-Mar" como nos Maias) podemos observar que o impressionismo esta presente.
ResponderEliminarEm "Os Maias" por exemplo, o impressionismo, bem patente como podemos verficar neste excerto «Uma alvura de saia moveu-se no escuro» (Os Maias, II, ed. 1946, p. 154), caracteriza-se pela frequência de construções impessoais, uma vez que o efeito é percepcionado independentemente da causa, ficando, portanto, o sujeito para segundo plano; percepções de tipo diferente traduzindo ironia; frequência da hipálage (transposição de um atributo de gente para a acção). Relativamente aos substantivos e adjectivos, a obra de Eça contem muito mais adjectivos do que substantivos.
“A reprodução da realidade, de maneira impessoal, objetiva, exata, minuciosa, constituía a norma realista; para o impressionista, a realidade ainda persiste como foco de interesse, mas, ao contrário, o que pretende é registar a impressão que a realidade provoca no espírito do artista, no momento mesmo em que se dá a impressão. O mais importante no Impressionismo é o instantâneo único, tal como aparece ao olho do observador, que é por ele reproduzido caprichosa e vagamente. Não se trata de apresentar o objeto tal como visto, mas como é visto e sentido num dado momento.”
(A. Coutinho, Introdução à Literatura no Brasil, 5ªed, Rio de Janeiro, Ed. Bertrand Brasil, 1990)