sexta-feira, 26 de abril de 2013

Um fórum diferente

Algumas questões de preparação para o teste:



1.      Justifique a escolha do título e do subtítulo da obra.
2.      Aponte os traços mais significativos do Realismo na literatura.
3.      Diga o que entende por uma crónica de costumes.
3.1.“E condenar um escritor, como caluniador e maldizente, porque ele revela os ridículos do seu país – é declarar maldizente toda a literatura de todos os tempos, que toda ela tem tido por fim fazer a crítica dos costumes, pelo drama, a poesia, o romance e até o sermão!” Eça de Queirós, Carta a Mariano Pina, in Eça de Queirós, Correspondência.
3.1.1.      Qual o elemento paratextual que contempla a dimensão crítica do romance queirosiano?
3.1.2.      Tendo em conta que “episódio” significa “acção incidente, ligada à acção principal de uma obra literária, explique a relação que poderá existir entre a intriga, relacionada com o título e os episódios referidos no subtítulo.
4.      Atente no capítulo IV. Explicite os motivos que levam Carlos a querer seguir medicina.
4.1. Em linhas gerais, descreva a vida universitária de Carlos.
5.      Escolha um excerto do romance em que estejam presentes as seguintes características da escrita queirosiana: uso do advérbio, utilização (expressiva) do verbo com sentido caricatural; hipálage.

6.      Categorias da narrativa em Os Maias (síntese)
Narrador (focalização) _______________________________
Personagens:
A. Afonso da Maia,__________________, ___________________, __________________, ___________________________, _________________.
B. Eusebiozinho, _____________________, ___________________, __________________, ______________________, __________________, __________________, ___________________, __________________, __________________, _________________, __________________.
Ação Principal:___________________________________________________
Ação Secundária:_________________________________________________
Episódios de crítica social (designação e capítulos)
__________________________________; _____________________________
__________________________________; _____________________________
__________________________________; _____________________________
Espaço privilegiado: Lisboa. Cenários lisboetas: Ramalhete, ____________, _____________________, _____________________, ____________________,
_________________, ______________________...
Outros espaços: Coimbra, ____________________, ______________________, __________________, ____________________...
Atmosferas sociais (espaço social): Ambientes descritos para ilustrar determinados vícios e comportamentos sociais, com um objetivo de crítica.
Tempo: tempo da história (ou tempo cronológico) Entre o ___________ e ___________ (cerca de catorze meses)

27 comentários:

  1. 1. O romance entrelaça a história da família Maia ao longo de três gerações, o que proporciona o título “Os Maias”, com a análise crítica do estilo de vida romântico lisboeta através da atuação de personagens-tipo (crónica de costumes da sociedade portuguesa da segunda metade do século XIX), como sugere o subtítulo “Episódios da Vida Romântica”.

    4.Carlos encontra a sua vocação quando, um dia, descobre, no sótão, ilustrações anatómicas que lhe despertaram a curiosidade e interesse e o levaram a querer cuidar de todos quantos adoeciam em Santa Olávia. Mais tarde o que o seduz na medicina é o lado heroico desta ciência e a vida “prática e útil” que proporcionava.

    4.1.Quando Carlos se matriculou na Universidade em Coimbra, o avô preparara-lhe uma casa isolada e calma para os anos de estudo – “Paços de Celas”. Esta habitação depressa se tornou num local de encontro entre “dandies e filósofos”, mas também numa “fornalha de atividades”: a ginástica científica ficara no quintal, a cozinha fora transformada numa sala de esgrima, no salão tomavam lugar as discussões literárias e metafísicas. A vida académica deu lugar à vida boémia.

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  2. Muito bem! Substituía, apenas a forma verbal "proporciona", na linha 2, por "como nos sugere", por exemplo.

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  3. 1. No romance de Eça de Queiroz, o título e o subtítulo correspondem ao cruzamento entre duas histórias.
    O título, “Os Maias”, representa a história da família Maia contada ao longo de três gerações, e o subtítulo, “Episódios da Vida Romântica”, representa a crítica à vida lisboeta da segunda metade do séc. XIX.

    2. O realismo encontra no romance a principal fonte para se expandir na literatura, representando o romance (social, psicológico e de tese), a principal forma de expressão. É com este intuito que os escritores utilizam o romance como o principal modo de fazer chegar aos leitores a crítica a instituições, como a Igreja Católica, e à hipocrisia burguesa. A escravidão, os preconceitos raciais e a sexualidade são os principais temas, tratados com linguagem clara e direta.

    3. A meu ver o conceito de "crónica de costumes" presume o sentido de relato ou comentário de hábitos e comportamentos de pessoas numa sociedade em certo contexto ou circunstâncias.
    Na crónica de costumes, deve haver uma reflexão sobre hábitos, atitudes e comportamentos das pessoas no quotidiano da sociedade em que se encontram. A crónica de costumes deve criticar pequenas atitudes e comportamentos, que não aparentam ter grande importância, porém são relevantes para a conduta social.


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  4. 1. No romance de Eça de Queirós o título e o subtítulo condizem a um cruzamento entre duas histórias. O título, “Os Maias”, reporta-se á história da família Maia em três gerações, em alternância com esta história, nomeadamente com a intriga principal desenrolam-se múltiplos episódios da vida de lisboa, a que chamamos de cronica de costumes sugerida no subtítulo “Episódios da vida romântica”.

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  5. 1.
    O titulo da obra "Os Maia" remete o leitor para uma uma historia trágica de uma família lisboeta da aristocracia, mas não e possível desligar essa história, que ocupa varias dezenas de anos, do ambiente social da época retratado em episódios recorrentes do subtítulo "Episódios da Vida Romântica".
    O subtítulo apresentado tem uma imensa importância pois realça o facto de este romance caracterizar a sociedade portuguesa da época(século XIX).

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  6. 1- Eça de Queirós deu à sua obra literária um título e um subtítulo, tendo estes dois significados diferentes, que traduzem uma história por de trás.
    O titulo de “ Os Maias” representa na sua obra três gerações
    ( Avô, Pai, e Filho). O subtítulo “ Episódios da vida romântica”, é uma narrativa de análise de costumes da vida lisboeta, sendo mais conhecida pela crónica de costumes.

    3- A crónica de costumes têm como função criticar a sociedade no sec. XIX a partir dos seus comportamentos, grupos sociais e profissões, temos o exemplo do adultério, compadrio politico, incompetência politica, imitação ao estrangeiro, falta de cultura, vaidade, sensionalismo jornalístico, imortalidade, etc…

    3.1.1- O elemento paratextual que contempla a dimensão critica do romance queirosiano é o seu subtítulo “ Episódios da vida romântica”.



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  7. 1.A obra tem como titulo “Os Maias”, porque reporta-se à história da família Maia ao longo de três gerações.
    Com o decorrer da intriga principal decorre também múltiplos episódios chamados Crónica de Costumes da vida de Lisboa, sugerida no subtítulo Episódios da Vida Romântica.

    2.
    Uma crónica de costumes relata ou comenta comportamentos e hábitos de pessoas numa sociedade. Tal como o nome “crónica de costumes” indica há uma reflexão sobre a vida quotidiana das pessoas ou sobre a literatura, politica…

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  8. 1 – Concordo plenamente com a Ana M. Vale. O título “Os Maias” remete para a história da família Maia ao longo de três gerações (Afonso, Pedro e Carlos), assim como o seu subtítulo “Episódios da vida romântica” remetem para episódios (jantares, corridas, saraus) com a análise crítica da sociedade, dos costumes da vida lisboeta.

    2 – O realismo surgiu na segunda metade do século XIX, na sequência da Questão Coimbrã e das conferências democráticas do casino.
    A nível geral, o Realismo opõem-se ao Romantismo, ao sentimento exagerado e ao individualismo, defendendo a descrição da realidade circundante e a análise social. Desvaloriza os valores espirituais e é anulado o interesse pelo passado nacional.
    Podemos verificar também que a principal preocupação do Realismo é promover a denúncia e a análise crítica dos vícios da sociedade contemporânea, resultante da preocupação em renovar as mentalidades e transformar a sociedade.

    3 – A crónica de costumes da vida lisboeta é o nível da história em que se desenvolve, duma forma intensa e que poderíamos dizer sistemática, uma forte crítica social e se manifesta ainda uma reflexão histórica.
    A crónica de costumes desenvolve-se num certo tempo, projecta-se num determinado espaço e é ilustrada através de numerosas personagens intervenientes em variados episódios.

    6 - A) Narrador
    Em “Os Maias” detetam-se dois tipos de focalização, A focalização omnisciente e a focalização interna.
    Focalização omnisciente verifica-se: na reconstrução do Ramalhete; na figura de Afonso da Maia; nos estudos de Carlos, em Coimbra; no retrato de Ega; no retrato de Euzébiozinho; no retrato de Dâmaso.
    Focalização interna verifica-se: na perspectiva de Vilaça sobre a educação de Carlos e Euzébiozinho; na perspectiva de Carlos sobre: Maria Eduarda, à entrada do Hotel Central e na rua; a cidade de Lisboa e a sua sociedade, dez anos após o desenlace; os episódios da crónica de costumes, à excepção do Jornal “A Tarde” e do “Sarau da Trindade”; a sua própria consciência.

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  9. 3. Crónica de costumes pressupõe uma análise cuidada dos comportamentos/ vícios de uma sociedade, com o objetivo que esta tome conhecimento dos mesmo e os mude. É o que Eça tenta fazer com a sua pungente crítica ao romantismo nacional do séc. XIX que julga, à semelhança de qualquer outro reformador realista, estar a conduzir à formação de um país onde o marasmo e incompetência são as palavras de ordem.

    3.1.1. O elemento paratextual considerado é a crónica de costumes, intimamente relacionada com o sub-título da obra ''Episódios da vida romântica''.

    3.1.2. É a crónica de costumes que torna a obra tão especial. A Lisboa provinciana e incapaz de proporcionar a motivação necessária ao sucesso da personagens, serve de plano de fundo à narração dos amores incestuosos (e não só) dos irmãos Maia. Aliás, o próprio autor dá mais importância aos ''Episódios da vida romântica'' que à própria intriga principal e podemos perceber tal facto através do epílogo: a todas as personagens tipo é lhes dado uma conclusão (mesmo que a intiga principal já tivesse sido encerrada no capítulo anterior) com a respetiva caraterização de Portugal, tão estagnado como no início da obra.

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  10. 1.A obra chama-se “Os Maias” porque retrata a história da família Maia ao longo de três gerações (Afonso, Pedro e Carlos). O subtítulo “episódios da vida romântica” está relacionado com o facto de na obra ser criticada a sociedade da época.

    3. Como o próprio nome indica crónica remete para um tema da actualidade publicado na imprensa ou transmitido na radio/televisão. Assim crónica de costumes parece abordar o tema sobre os hábitos/costumes sobre as pessoas na sociedade.

    6. Ao longo da obra são vários os espaços e os momentos que “marcam” a obra, entre estes destacam-se alguns episódios:
    Episódio do Hotel central- capitulo VI
    Episódio das corridas no hipódromo- capitulo X
    Episódio do jantar dos Gouvarinho- capitulo XII
    Episódio de imprensa e corneta do diabo- capitulo XV
    Episódio do sarau no teatro da trindade- capitulo XVI
    Episódio do passeio final- capitulo XVIII

    Açao principal: vida de Carlos
    Açao secundaria: vida de Pedro

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  11. 1.Este romance estrutura-se à volta de vectores fundamentais: a história da família Maia e a crónica de costumes retractando o Portugal da segunda metade do séc. XIX. O Titulo "Os Maias" foi adoptado por Eça de Queirós visto que a obra gira em torno da familia Maia ao longo de gerações. A par da história da família, encontramos episódios que funcionam como caracterização da sociedade portuguesa, sendo uma crítica/sátira social daí o subtitulo escolhido por Eça ("Episodios da vida Romantica").

    2. Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade, assim,uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo.A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos.

    3. Tal como o nome "Crónica de Costumes" sugere, é a analise/relato de habitos e comportamentos de pessoas numa sociedade em certo contexto ou circunstâncias.
    Ao ser "de costumes", implica comportamentos morais e hábitos sociais, o conjunto de condutas e normas que, habitualmente, a sociedade aceita como válidas.


    3.1.1 O elemento paratextual que contempla a dimensão crítica do romance queirosiano é o subtitulo "Episodios da Vida Romantica"


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  12. 1.
    Com o titulo da sua obra, Eça de Queirós, pretende retratar a vida da família Maia durante três gerações e com o subtitulo pretende relatar a relação incestuosa entre Maria Eduarda e Carlos e também o adultério cometido por algumas personagens.

    3.
    A cronica de costumes pretende criticar o comportamento das personagens, os seus hábitos e aquilo que tentam imitar.

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  13. 1. N’ ‘’Os Maias’’ o narrador é omnisciente (conhece até os pensamentos mais profundos das personagens) e interno (parte de um ponto de vista de quem vive as cenas, usando-se, por vezes, da visão de Ega, nomeadamente na cena da morte de Afonso, em que Ega fica muito impressionado com o ‘’choro’’ de Bonifácio).
    Por seu lado, as personagens são por volta de 60 tendo, ainda assim, algumas especial relevância para a crónica de costumes (personagens tipo e planas) e outras para a intriga principal.
    A. Afonso da Maia, Carlos da Maia, Maria Eduarda, Pedro da Maia, Maria Monforte.
    B. Eusebiozinho, Dâmaso Salcede, Steinbroken, Condessa e Conde de Gouvarinho, Cruges, Craft, Ega, Palma Cavalão, Sousa Neto, Traveira
    Ação principal: a história de Carlos da Maia com a sua irmã
    Ação secundária: Pedro da Maia e Maria Monforte
    Episódios da crítica social: Jantar no Hotel Central (cap. XI); as corridas no hipódromo (cap. X); o jantar dos Gouvarinho (cap. XII); a Imprensa- jornal A Corneta do Diabo e A Tarde (cap. XV); Sarau no Teatro da Trindade (cap. XVI) e o passeio final (cap. XVIII).
    Espaço privilegiado Lisboa: Ramalhete, consultório e laboratório de Carlos, ‘’A Toca’’, apartamento de Maria Eduarda; Vila Balsac.
    Outros espaços: Coimbra, Santa Olávia, o estrangeiro.
    Ambientes sociais: no fundo, estão relacionados com a crónica de costumes, são os espaços onde tal decorria.
    Tempo: entre o outono de 1774 e finais 1776.

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    1. Retificação
      Tempo: entre o outono de 1875 e finais de 1876.

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    2. O tempo da intriga principal passa-se entre o outono de 1875 e janeiro de 1877 (cerca de catorze meses).

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    3. Andréia, em comparação do teu comentário com o da Fátima, penso que quando te referes ao capitulo do Jantar no Hotel central, que indica o primeiro episódio da crónica de costumes, é no capitulo VI e não capitulo XI como referes.

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    4. O meu nome não tem acento, e sim é no capítulo 6º...

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    5. Sim, eu sei que não tem, peço imensa desculpa.

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  14. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. 1. A designação de "Os maias" deve-se a família Maia, que é a família que é interpretada na história ao longo de três gerações.
    A Cronica de costumes tal com o nome indica, analisa e critica o estilo de vida romântica lisboeta e os costumes, através de personagens-tipo, daí o subtítulo "Episódios da vida Romântica".

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  16. 1-O título da obra diz-nos que é uma família da aristocracia, pois os elementos da família representam vários papéis a nível da sociedade. O subtítulo envia-nos aos episódios românticos da família Maia.
    2- O realismo na obra, serve para denunciar e analisar criticamente os vícios da sociedade.
    3.1.1- O elemento paratextual na obra é o subtítulo.
    3.1.2- O título refere a família que é vivida pela terceira geração da família Maia – Carlos. Encontra-se inserida na sociedade em que este se relaciona; os episódios servem de panorama da intriga principal e correspondem às acções das personagens secundárias que representam a sociedade.
    6- O narrador, nesta obra, é omnisciente. As personagens principais são Afonso da Maias, Pedro da Maia, Carlos da Maia, Maria Monforte, Maria Eduarda e João da Ega. Já algumas personagens secundárias são Eusebiozinho, Condessa de Gouvarinho, Raquel Cohen, Dâmaso, Guimarães…
    A acção principal é os amores incestuosos entre Carlos da Maia e Maria Eduarda. A acção secundária é a história de Afonso, a infância e formação de Carlos e o casamento entre Pedro da Maia e Maria Monforte.
    Os episódios da crítica social são: O jantar no Hotel Central; A corrida de cavalos; O jantar na casa do conde Gouvarinho; A imprensa; O sarau do Teatro Trindade e o passeio desencantado.
    Os espaços privilegiados em Lisboa são o Ramalhete, Chiado, Olivais e Sintra.
    O tempo desta história é entre outono de 1875 e inverno de 1876.

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  17. 1-O titulo "Os Maias" representa a história da família Maia, sendo sustentado por um subtitulo 'Episódios da vida romântica, que remete para a critica da sociedade lisboeta da metade do séc. XIX (por exemplo: ausência de espirito critico em relação ao estrangeiro, limitavam-se a adotar tudo que de lá provinha - principalmente as corridas de cavalos).
    2-Como já foi referido por alguns colegas, os traços mais significativos do realismo na literatura são a critica à igreja católica e ao romantismo, que achavam ser as razões pelas quais a sociedade portuguesa continuava atrasada.

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  18. 5. “Vilaça fora consultado sobre a localidade própria para o laboratório; e o procurador, muito lisonjeado, jurou uma diligência incansável. Primeira coisa a saber, o nosso doutor tencionava fazer clínica?...
    Carlos não decidira fazer exclusivamente clínica: mas desejava decerto dar consultas, mesmo gratuitas, como caridade e como prática. Então Vilaça sugeriu que o consultório estivesse separado do laboratório. (…)
    Todas as manhãs, antes de almoço, ia visitar as obras. Entrava−se por um grande pátio, onde uma bela sombra cobria um poço, e uma trepadeira se mirrava nos ganchos de ferro que a prendiam ao muro. Carlos já decidira transformar aquele espaço em fresco jardinete inglês; e a porta do casarão encantava−o, ogival e nobre, resto de fachada de ermida, fazendo um acesso vulnerável para o seu santuário de ciência. Mas dentro os trabalhos arrastavam−se sem fim; sempre um vago martelar preguiçoso numa poeira alvadia; sempre as mesmas coifas de ferramentas jazendo nas mesmas camadas de aparas! Um carpinteiro esgrouviado e triste parecia estar ali desde séculos, aplainando uma tábua eterna com uma fadiga langorosa; e no telhado os trabalhadores, que andavam alargando a clarabóia, não cessavam de assobiar, no sol de Inverno, alguma lamúria de fado.
    Carlos queixava−se ao Sr. Vicente, o mestre−de−obras, que lhe asseverava invariavelmente «como daí a dois dias havia de Sua Excelência ver a diferença».”
    Eça de Queirós, “Os Maias”

    Neste excerto podemos encontrar algumas caraterísticas da prosa queirosiana, nomeadamente:
    - o discurso indireto livre (no primeiro parágrafo);
    - a hipálage: “um vago martelar preguiçoso”;
    - o uso expressivo do adjetivo e do advérbio: “um carpinteiro esgrouviado e triste”, “asseverava invariavelmente”;
    - o predomínio dos verbos no pretérito imperfeito e gerúndio: “ia visitar”, “jazendo”;
    - a sinestesia: “não cessavam de assobiar, no sol de Inverno”.

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  19. 3.1 O elemento paratextual que contempla a dimensão crítica do romance queirosiano é a crónica de costumes, mais precisamente os “Episódios da vida romântica”.
    4. Carlos decidiu seguir medicina porque quando era mais novo cuidava de todos os doentes de Santa Olávia, o que lhe fez ganhar um gosto por esta ciência. Também o facto de a medicina ter um lado heroico e permitir uma vida desafogada de preocupações interferiu nesta escolha de Carlos.
    4.1. Inicialmente Carlos iria para uma casa sossegada onde pudesse estudar, porém esta acabou por ser transformada em algo completamente diferente. A casa passou a ser um local de convívio para Carlos e seus amigos, onde se discutiam vários temas e faziam-se várias atividades. Com isto apercebemo-nos que Carlos teve uma vida boémia e não de estudo como era esperado.

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  20. Qual a relação do título "Os Maias" com o subtítulo " Episódios da Vida Romântica" e com o capítulo XVI (Sarau literário do teatro da Trindade) ?

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